segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Gosto






Gosto quando te calas, porque estás como ausente,e me ouves de longe.
Minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado e parece que um beijo te fechava a boca.


Como todas as coisas estão cheias da minha alma, emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho parece com minha alma,e te 
parece com a palavra melancolia.
Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe e a minha voz não te alcança.
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.


Deixe-me que te fale também com o teu silêncio.
Claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longínquo e singelo.


Gosto de ti -Quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, em sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.
                        Pablo Neruda 


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