domingo, 4 de novembro de 2012

Sonhar


Vale a pena sonhar. O sonho alenta
e enflora a vida, o sonho a fortalece.
Ao clamor das nortadas da tormenta
o lábio sonhador murmura a prece.


A vida, muitas vezes, é um deserto

tão árido e de tão combusta areia,
que somente o sonhar nos abre, perto,
cantando, uma água viva que colmeia.


Quando, em gritos, na terra, arde a contenda

de idéias vãs e aspirações pequenas,
feliz
a alma que sonha e busca a lenda
dessas alturas límpidas, serenas!


Feliz quem pode levantar sua ânsia,

na asa clara e fugaz da poesia,
para esse eterno azul, que sabe a infância
de cada estrela que de lá radia ...


Esta luta, no mundo, de hostes brutas,

incoerentes, bárbaras, selvagens,
não vale nada ante essas impolutas
constelações das célicas paisagens.


O sonho, sim... é que nos aproxima,

enquanto tudo vai no mundo, a rastros,
da seara que guarda lá em cima
toda a imortal vegetação dos astros.


O sonho, sim... nos leva a essas esferas,

pátrias gloriosas e galhardos mundos,
mundos eternos, onde as primaveras
têm seios mais sadios e fecundos.


O sonho, sim... percorre a trajetória

dos planetas, que rolam nos espaços,
muito acima da vida transitória,
que nós vivemos, de grilhões nos braços.


Vale a pena sonhar. Em redor, quando

tudo enegrece e se espedaça tudo,
é bom ao poeta olhar o céu, sonhando,
sonhando muito, extasiado e mudo,


E, no seu sonho compreender mistérios,

acordar forças que inda estão dormindo,
beber
as ondas dos azuis etéreos,
sentir-se imenso espaço infindo..Desconhecido.

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